Gosto de varrer o quintal.
O silêncio quebrado apenas pelo ruído da vassoura no chão.
E as coisas vão se juntando. Destino final.
O sol forte, um céu tão azul.
Uma poeira leve.
Folhas secas que já cumpriram sua principal função.
Folhas ainda verdes que sucumbiram ao vento ou a brincadeira das meninas ou da gata.
Sementes que não vão brotar.
No meio disso tudo uma abelha.
Nada abelhuda.
Talvez vergonha da colméia, aquela que não voltou com a missão cumprida.
Ali, quase escondida entre aquele lixinho inocente.
Enquanto varro meus pensamentos seguem o movimento do vento.
Ele quer brincar comigo, mas não é hora para isso.
Vou reunindo tudo em um montinho.
Não precisava varrer o quintal.
Mas varrer o quintal é também varrer umas teias de aranha de sentimentos amarelos que ameaçam sufocar.
De ver voltar à ordem e depois observar o atrevimento da primeira folha que vai cair.
Gosto do barulho da vassoura.
Gosto do movimento cadenciado.
O ruído da vassoura no chão quebra o silêncio que pode haver no quintal.
A vida doída das folhas que caem e das abelhas que não voltam me interessa.
Posso gostar de varrer o quintal enquanto a vida e a morte discutem suas diferenças.
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