- A Margarida não pode ir à feira porque está cozinhando feijão e tem medo de deixar fogo aceso com panela cheia no fogão. E ela tá certa. Lembra da Claudete? Tava cozinhando lata de leite condensado na panela de pressão e explodiu tudo. Quebrou vidro, machucou a mão dela muito!
- Ah, mas aí é que tá, se ela não estivesse lá que se explodisse sozinho, sem machucar a mão
- Ai Doralice, mas você sempre põe uma pitada de chatice na sua conversa, né? Você nunca pode concordar com ninguém, sempre quer ter a última palavra, é de admirar você!
- Eu não, só acho isso, você falou uma coisa que não combina e eu quis falar.
- Você não quer ir à feira pra Margarida?
- Eu não, ela é muita pão duro! Uma vez eu fui e não encontrei as coisas do jeito dela ela ficou reclamando, vou não!
- Eu também não posso ir porque ainda tô com o pé inchado
- Por que é que a Margarida começou a cozinhar o feijão tão cedo? Não podia ter ido à feira antes?
- Eu acho que ela ainda não tá recuperada
- Dessas coisas a gente não recupera nunca Salete
- É triste né?
- É, eu acho que enquanto o feijão fica chiando na panela ela fica lembrando dele
- Será?
- Ele gostava de feijão, gostava de quando abria a panela comer quentinho com pão, sabe assim, tirar o miolo e encher de feijão?
- Eu também gosto
- Ai Doralice, mas eu falando de uma coisa tão triste e você logo se pondo no meio do assunto, você é terrível!
- Eu não... é só que eu também gosto de pão com feijão e não é muita gente que gosta e agora é menos ainda...
- Ele era bonito
- Era
- E era bom moço
- Era mesmo
- Uma mãe, um pai nunca devia ficar enquanto um filho vai
- Isso é
- Vamos nós duas na feira? Eu escolho as coisas, você carrega a sacola junto pra não pesar e doer meu pé
- Vamos
- Ô Margarida, dá aqui a lista da feira que Doralice mais eu tamo indo
- Margarida?
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