quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Seguranças

Os ternos são mal cortados.
Os cabelos são mal cortados.
Os olhos maus não revelam a verdade.
São assim os guardas que guardam não sei o quê, na rua onde passo de manhã, a caminho do trabalho.
Mas se os ternos são mal cortados, a postura de quem está de bem com a vida é incrível.
Estou aqui trabalhando.
Estou aqui cuidando do que não é meu, mas quando vou para casa, posso ficar de chinelo e bermuda, posso tomar uma cerveja na calçada com os carnês das prestrações em dia.
Estou aqui e posso te impedir de estacionar o carro.
Estou aqui e posso te dizer onde fica a rua...
Estou aqui e adoraria que, pelo menos uma vez, me dissesse bom dia.
São assim os guardas que guardam aquela casa.
Importantes em suas funções.
Felizes porque tem para onde ir quando acordam.
Nem imaginam que monitoro seus costumes mal ajambrados e seus cabelos mal cortados, mas que vejo poesia naquele bate-papo casual com o aposentado que passeia com o labrador.
O que será de cada um deles quando essa rotina desaparecer? A rotina das vidas que cruzo me ensina que há história em cada detalhe, eu só quero olhar!

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