sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Os bichos do meu caminho

Pelas ruas do bairro alguns cães meus conhecidos.
O menor, mais atrevido, um baixinho de cor preta que olha para os lados antes de atravessar a rua e adora instigar os que ainda estão atrás dos muros e portões.
No almoço, as pombas tão mal queridas em sua existência sem remédio. Eu observo as mais gordas e as mais magras, as de cor cinza com colar esverdeado, as brancas tão sujas da cidade.
No pet shop os cães para doação. O filhote tímido com cara de lobo, a cadela cor de mel que sabe que precisa daquele olhar para ganhar um lar.
Não posso fazer contato visual porque meu coração fica pesado e dolorido por muitos dias.
Os vira-latas são lindos, são queridos, só precisam de um lar, comida e carinho.
Esses dias, olhando para um deles, as meninas já entusiasmadas o papai até sugeriu:
- um bom nome para um vira-lata é Paraguaio, não é?
E a vontade era de levar o Paraguaio para casa, tão simpático nos olhando pelo vidro, já sobre uma cadeira que o expunha melhor.
Querer não é poder. Será que não?
Mas depois disso tudo, um alento: o cavalo já não está só.
Já bem perto de casa em um grande terreno, o mato, às vezes alto, alimenta desde que me lembro um cavalo branco, um pangaré magro, sempre cabisbaixo. Que tinha um companheiro marrom, que algum dia sumiu, deixando o branco ainda mais cabisbaixo.
Eu passei a olhar de viés, com medo de ver a tristeza naqueles grandes olhos negros.
Mas hoje, hoje pude olhar bem porque outro companheiro chegou. Outro pangaré branco.
Já posso ficar mais tranqüila sabendo que quando chove, faz frio, eles podem se aproximar e trocar impressões sobre a vida.
Sobre a vida humilde de serem os cavalos de alguém que provavelmente os usa para o trabalho.
A vida pode ser humilde, dura, o que ela não pode nunca é ser sozinha.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.