sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Ruiu aos 39

Estava quieta, ouvia o vento e a canção chorada sem lamentar.
Olhava o tempo escorrer por entre os dedos sem ânsia e sem medo
de provar, aprovar, comprovar.
Chamava o silêncio de quietude da alma e estampava o rosto
com um riso para inveja alheia e deleite seu.
Ruiu. Roeu. Corroeu o sossego e instalou no peito um coração inquieto.
Um riso nervoso de adolescente.
Uma ansiedade que formiga as mãos.
Uma tempestade que percorre todo o corpo e se instala nos joelhos
provocando uma dança sem graça, disfarçada, sem ritmo.
Tudo isso tem um número: 39.
É o limite, é a barreira, é o número mágico da cama elástica,
que joga para cima com leveza, segura quando volta,
mas não há mais nada a fazer.
Estava quieta, despreparada para a inquietude, acreditando no
domínio do sobressalto. Ruiu.

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