O destino, esse senhor distinto que nos espreita, nos absolve de nossos atos falhos e descansa na Quaresma.
Destino: senhor que estabelece a ordem natural do universo. Responsável pela sucessão inevitável de acontecimentos provocados ou desconhecidos. Ainda que senhor de si, usado para tentar explicar o absurdo dos acontecimentos.
Absurdo: algo não explicável através da ciência e do conhecimento dos homens, o que permite que a responsabilidade seja atribuída às divindades.
Quaresma: Palavra que vem do latim quadragésima, período de quarenta dias que antecedem a maior festa do cristianismo – a ressurreição de Jesus Cristo – comemorada no Domingo de Páscoa.
O que não significa que quem não é católico não coma ovos de páscoa, porque eles são de chocolate. Porque eles abarrotam os supermercados. Porque eles são presentes. Porque eles são coloridos. Porque no fundo, no fundo, chocolate cura todas as dores da alma e pode ser consumido sem pecado em nome da Páscoa, em nome de qualquer deus.
À revelia do senhor destino que descansa na Quaresma e quando desperta, na Páscoa, não está exatamente interessado na quantidade de chocolate que consumiremos.
Parece que não.
Mas pela quantidade ele sabe o tamanho dos nossos pecados.
Ele é irônico.
Ele é despreocupado.
Ele segue seu caminho sem subterfúgios.
Temos agora menos de 40 dias para escapar de qualquer ilusão.
Algumas vezes dizemos que foi uma situação do "acaso" para não bater de frente com o destino. Mas, foi o destino ou o acaso que me trouxe até aqui? Não sei. Enquanto penso desfruto de ovos de páscoa. Na ilusão de escapar de alguma resposta sensata.
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