sexta-feira, 24 de abril de 2009

Madrinha de marcas

Eu gostaria de já ter lido o livro Não leve a vida tão a sério de Hygh Prather, que está em minha estante mas foi sendo deixado para trás por tantos outros.
Talvez eu não sentisse tanto a notícia de que a General Mills está disposta a vender as marcas Frescarini e Forno de Minas. E quem é a General Mills? Não sei bem, mas sei que eu sou a madrinha dessas marcas.
Quando somos madrinhas, padrinhos de um bebê temos co-responsabilidade, não é assim que a Igreja prega?
Estamos presentes nos bons momentos. Nascimento, o batizado é nosso grande palco, aniversários, passeios ao zoológico, festinhas da escola. E quando as coisas apertam, fralda suja, manhas, chocolate escorrendo pelo pescoço, brinquedo quebrado e nariz escorrendo, atendemos o celular e fazemos um gesto carinhoso para a mamãe ou para o papai ou para quem estiver mais próximo.
Não é exatamente assim para todos mas digamos que na média representa um bom grupo.
Pois assim são para mim essas marcas.
Fui a gerente de pesquisa que coordenou muitos dos estudos para a ainda Pillsbury no relançamento da marca Frescarini. Estava lá nos grandes momentos!
Centenas de rótulos para serem avaliados. Cor, tipologia, qualidade da informação, layout, presença em gôndola, market share, qualidade do grão, eficiência das campanhas publicitárias, tudo, tudo, tudo, para agora...
Sinto-me como a madrinha que vê de longe o seu afilhado tentar pela 3a/4a vez entrar na faculdade. Ou aquele outro que está no meio de um divórcio litigioso.

Sem contar com a compra bem sucedida da Forno de Minas.
Passei horas enfiada em uma cozinha industrial com um americano tentando desesperadamente produzir um pão de queijo com engenharia reversa!
Deveria ter pedido adicional de insalubridade por ter provado tanta coisa ruim com cara de menininha da pesquisa!
Que alegria quando nossas recomendações para adquirir uma marca local começaram a ser ouvidas e quanta comemoração quando tudo terminou bem. Bem? Esse conceito se perdeu já na primeira semana quando Belo Horizonte amanheceu pixada:
não comemos pão de queijo com ketchup!
Premonição do que enxerguei apenas como bairrismo, tão presente nos mineiros, nos gaúchos, nos paulistas, nos cariocas, nos baianos, nos...

Bem, uma fábrica será fechada, mais de 500 pessoas perderão seus empregos e se não houver compradores essas marcas podem desaparecer.
E porque eu ainda me importo se depois disso fiquei anos no mundo online vendo produtos surgirem e desaparecem numa velocidade antes impensável?
Vou começar a ler o livro, a primeira fábula chama-se o rio e o leão.

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