Ninguém tem mais poder do que uma recepcionista.
Que protege aquele ou aquela com quem queremos falar armada de um sorriso frio e de uma frase sacada de um manual que nunca encontrei para comprar. Nem na internet, nem no sebo.
A não ser...
O moço do estacionamento que decide se você deve parar de frente ou de ré, quando na verdade tanto faz.
Ou o porteiro do prédio que não responde ao interfone e fica fazendo gestos com a mão, para que espere enquanto ele está ocupado com... Com fazer você esperar.
E ninguém tem mais poder que a mocinha do cinema, que não deixa você sair pela entrada, mesmo depois de um pedido gentil, agraciado com um sorriso, em um amplo corredor onde só estão você, seu par e ela! E talvez algumas pulgas, sempre ouvi dizer.
Ninguém tem tanto poder como o segurança que circula entre as vielas do Shopping D&D e o complexo Nações Unidas, o CENU.
Não, ninguém tem mais poder do que eles.
Um exército calado que não revela essa faceta nos jantares de familia, nos bate-papos dos bares, na fila do ônibus, na estação do metrô, no caixa do supermercado, na casa lotérica, na videolocadora.
São irreconhecíveis e só apresentam suas armas quando armados de seus uniformes que variam sempre de tamanho, de modelo e de cor!
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