Seus viadutos pulam sobre nós como sapos gordos perdidos de suas lagoas.
As entradas e saídas das marginais parecem o cristal que orienta nosso labirinto. E nos perdemos em rodopios de curvas sem inclinação correta.
Os altos prédios espelhados refletem as favelas.
Tiraram a fileira de barracos que ficava na calçada da favela do Jardim Edith, mas cercaram e pronto, lá estava um condomínio fechado. Agora tiraram de novo. Debaixo da ponte estaiada. Suspensa por cabos mais parece aquela madeira cheia de preguinhos que na aula de artes me obrigavam a desenhar com linhas coloridas.
Que arte? A ponte sim, a minha madeira estampando o sol quase uma punição!
Parques e ruas floridas escondidas em jardins que lembram a Europa.
Fontes iluminadas de uma água que falta onde sobra esperança de que tudo vai melhorar.
Sim. É linda essa cidade feia. Que me desacelera enquanto dirijo no ritmo do trem.
Paralelo marginal.
Que suspende o museu. Que vasculha a terra e desaba túneis.
Que deixa seus vira-latas mortos no Projeto Pomar.
Que derruba árvores e cresce casas. Que derruba favela e pinta de azul os prédios que brotam no lugar.
Pixados no dia seguinte.
Que cria guetos. Que floresce a Augusta depois de tantos anos.
Que estica e encolhe a Paulista dos cinemas que vão e que vem.
São Paulo é a cidade feia mais linda do mundo e com o filme do Mogli aprendi:
você pode tirar o menino da floresta, mas não a floresta do menino.
Olá, Lusia:
ResponderExcluirPassei por aqui por indicação e espero aqui ficar. Parabéns pelo seu texto.
Milton Jung