O irmão riu, a mãe disse que era blasfêmia e então, guardou para si suas considerações, suas reflexões, suas certezas, suas dúvidas e continuou a usar: deus abençoe, deus lhe pague, deus é quem sabe das coisas, sem mais questionamentos.
Mas, quando se deitava e fazia sua oração, não conseguia jogar nas costas de Deus essa coisa de deus é quem sabe o que é melhor.
Não podia ser. Ele soube e decidiu pelo livre arbítrio e acabou aí.
Ela estava com dor nas costas. Mas ela escolheu dormir até mais tarde e não fazer a caminhada recomendada pelo médico.
Ela estava em um trabalho maçante, mas ela decidiu não aceitar uma proposta legal quando estava em um emprego que achava que era dos sonhos!
Ela estava com muitas bolsas novas e nenhum sapato para combinar, mas ela escolheu...
A tia contra argumentava que deus é quem sabia que aquela pobre criança deveria nascer assim, cheia de problemas físicos e mentais e que ela nunca ouvira resposta mais linda, dada pela mãe da criança, quando as pessoas não conseguiam disfarçar o olhar:
- Vê só como Deus confia em mim? Olha só quem ele me deu para cuidar!
E os olhos enchiam de lágrima.
Não respondia nada.
Agradecia pelo pão, pelos olhos, pela família e parava por aí.
O irmão ia rir sempre porque entregava toda a responsabilidade de suas orações para a mãe. Confiado. Protegidinho. Dissimulado.
Mas ela escolheu gostar dele mesmo assim.
Todos os dias, duras escolhas, mas estava feliz em escolher considerar que sabia mais que todo mundo e carregava na agenda a anotação de uma frase de filme infantil:
dizer que todo mundo é especial é um jeito de dizer que ninguém é
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