sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Os taxistas e suas convicções

Entro em um táxi em Lima no Peru e digo que preciso ir ao aeroporto.
O taxista é simpático e me pergunta para onde vou.
Para o Brasil, respondo.
Ele então me pergunta se gosto de futebol.
Digo que sim, e muito.
E ele então me recomenda que eu assista a pelo menos uma partida de futebol, de qualquer time, para sentir o que é realmente futebol.
Respondo que já fui algumas vezes ao estádio e ele fica encantado.
Relata partidas que ele mesmo assistiu no Peru e de algumas outras que acompanhou pela televisão, menciona nomes de jogadores e técnicos.
De repente, como que se lembrando de algo, me pergunta se conheço os times Palmeiras e Corinthians.
Claro, respondo, conheço bem! Mas guardo comigo a minha predileção. Não é recomendável entrar em longas discussões com os taxistas porque o trajeto acaba e a conversa pode ficar pela metade.
Radiante com a minha resposta ele me diz que então eu preciso assistir a um filme chamado O casamento de Romeu e Julieta que conta a história de um casal que se apaixona, mas cada um torce pra um time e é muito, muito bom. Ele me conta cenas em detalhes.
Já quase no aeroporto me pergunta:
- até quando fica no Brasil?
- eu moro lá...
- mesmo? desde quando? faz tempo?
- eu nasci lá, eu sou brasileira...
E então ele fica indignado dizendo que não, que sou espanhola, que não pode ser que uma brasileira fale espanhol como os espanhóis ou que no máximo eu poderia ser uma italiana vivendo na Espanha, mas que uma brasileira nunca!
Sem saber se ficava orgulhosa do meu espanhol ou espantada com tal vigor nas afirmações eu apenas ri e balancei a cabeça quando ele ainda emendou:

- piorou, se é brasileira e nem viu esse filme!

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