Histórias pequenas tornam minha vida longa.
Porque vivo momentos a mais relembrando momentos que já vivi.
Porque prolongarei meus dias relembrando momentos que estou vivendo agora.
Alegres ou tristes não importa, como já cantou o Rei para encantar muita gente amigos eu ganhei... histórias que eu contei aqui... detalhes de uma vida.
Quando morávamos em Tupã eu tinha sete, oito, nove anos, vê? Passa rápido o tempo.
Era magrela, banguela, sardenta e tinha uma irmã linda e fofa de cabelos cor do sol ao entardecer, nossa caçula Laís.
E tínhamos uma caderneta para fazer compras no armazém do Seu Toninho.
Pois a Laís além de linda adorava doces e era boa de coração.
Ela ia ao armazém do Seu Toninho e comprava doces para ela e para seus amigos todos e pedia ao Seu Toninho que marcasse na caderneta, como ela tanto via a mãe e os irmãos mais velhos fazerem.
O Seu Toninho percebendo que ela nunca estava com a caderneta e sempre acompanhada de uma turminha de crianças, sem nenhum adulto por perto, resolveu consultar a minha mãe. Que ficou espantada com a história, sempre tão correta a minha mãe, e todos fizeram um combinado.
Ele até podia atender aos pedidos se ela levasse um bilhetinho, autorizando.
Como era simples a vida. Engolida pelos cartões de crédito, pelas compras online, fotografe um código e já está tudo resolvido!
Minha mãe explicou à Laís o combinado e ela não se intimidou, concordou prontamente.
Dias depois soubemos que ela insistia na sua distribuição de doces, mesmo sem conhecer Cosme & Damião. Ela mesma apanhava um papel qualquer, fazia rabiscos porque não estava alfabetizada ainda e entregava ao Seu Toninho com sua pose de princesa (de onde você tirou? alguém ainda canta em uma canção).
Era irresistível e ele ria uma risada sonora da qual me lembro até hoje!
E assim, de pequenas histórias e de músicas esquecidas minha vida vai se alimentando para se tornar longa. Não quero luxo, nem lixo.
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