O céu negro brincou comigo durante todo o trajeto.
Uma brincadeira perigosa de esconde-esconde. Nuvens apenas visíveis em clarões de relâmpagos.
Tão belo e tão assustador.
À parte todos os males que as grandes chuvas causam, nada é tão bonito quanto o espetáculo que se prepara para a sua chegada.
O vento varre o caminho. Sacode as árvores para que se livrem de suas folhas velhas e se aprumem para a grande entrada.
Os raios tão o tom da noite.
O clarão dos relâmpagos são um sofisticado projeto de iluminação.
Os trovões coordenam tudo e nem é preciso três toques de campainha para a grande dama, a chuva, brilhar.
Rasguei os quilômetros medindo forças, querendo ser alcançada, mas tal qual uma brincadeira de pega-pega, quanto mais difícil mais divertido.
Em certo momento temi que ela tivesse desistido, veio suave no quilômetro 51, mas não passava de artimanha porque logo ali, no 52, ela me esperava poderosa.
Lavando meu carro branco da poluição. Lavando a estrada dos rastros de cereais deixados pelos caminhões.
Assustando os desavisados, acelarando os já mal acostumados.
As tempestades apagam a minha tristeza porque me fascinam com seus espetáculos.
Sem olhar as placas vou desenhando meu caminho.
Eu desenho o meu destino todos os dias, como quem rabisca a areia da praia e depois voa alto para olhar o resultado. Mas eu ainda não terminei.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.