Ficou cego para sempre.
Era o primeiro filho de meus avós maternos, Mário e Amélia Maria.
Entre médicos, consultas, remédios caseiros, orações, transplantes de olhos de carneiro em humanos nos EUA (que não deram certo), salvos condutos para viajar pelo Brasil por conta de uma guerra do outro lado do mundo, outros filhos foram nascendo e ajudando a cumprir promessas a santos de todos os tipos.
Aparecida a primeira filha mulher.
Luzia, minha mãe, a santa dos olhos.
Promessas cumpridas, nenhuma graça alcançada.
Anos depois dessa saga, todos já acomodados em seus destinos, vô Mário já falecido, nasci.
Minha mãe tinha idéias de nomes para uma menina: Leila, Letícia...
Minha avó, que foi minha parteira, ainda enveredada em suas crenças, promessas, sugeriu: por que não Luzia Aparecida? Minhas duas filhas... nomes de santas e fica bonito, fica muito bonito!
Meu pai, do grupo dos que têm as sogras em alta conta, gostou da idéia e, mesmo sob os protestos da minha mãe, foi conduzindo a conversa a ponto de tornar essa sugestão uma realidade.
Assim me tornei Lusia, em que momento esse S substituiu o Z original não sei.
No colégio uma professora me ensinou que estava absolutamente correto considerando que S entre vogais tem som de Z.
Mas, apesar de ter ganho nome tão distinto, fui Nene até quase os oito anos de idade quando então entrei na escola.
Quando na escola me chamaram Lusia eu me espantei e questionei o por quê de não usarem meu nome em casa, já que haviam decidido por ele.
E foi aí que eu decidi não responder a ninguém que não me chamasse pelo nome.
Foram dias de silêncio e confusão. Eles eram insistentes e eu era decidida.
Quando no final de semana meu pai chegou de viagem e nem a ele, a quem era muito apegada, respondi por Nene, concluíram que eu realmente não arredaria pé de minha decisão.
E assim eu ressurgi Lusia e, para meu pai, que já tinha uma Luzia, eu renasci Lusiinha para sempre!
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