quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Enquanto isso no boteco

Estava sentado no bar sem nada para fazer.
Já tinha tomado uma cerveja, mas tinha mesmo era saudade do conhaque que tomava no inverno.
Também já tinha comido um pastel, que o cheiro chegou bem demais.
A Sandra reclamava quando chegava sem fome pra comer a comida dela, mas cerveja e pastel, eita casamento perfeito.
Melhor que o dele.
Que a Sandra era ajeitada não tinha dúvida, que era mulher trabalhadeira também não, que cuidava bem dos meninos nem se discute, mas aquela paixão que se canta nas músicas sertanejas, ah isso ele nunca viveu não.
Quebrou o palito que estava no canto da boca e se ajeitou na cadeira.
Pensou em tomar mais uma cerveja, mas seria demais. Não que ele fosse homem fraco de bebida, isso não, é que o dinheiro tava pouco mesmo.
E também ele ouviu dizer que uns fiscais andavam xeretando a casa dos que tão encostado no INSS. Imagina se um desses vê ele no bar bebendo?
Já vai falar que a doença dele é vagabundice e corta o benefício, aí o supervisor fica sabendo e manda ele embora, meu deus do céu, com mulher e moleque em casa, sem trabalho e sem seguro é de endoidar.
Saiu arrastando o chinelo.
Quando abaixou a mão do aceno que fez pro Tadeu pegou dois bombons pros meninos e pediu pra marcar.
Na calçada apareceu a Darcy e, mais uma vez, com aquele sorriso de bocão vermelho:
- ´bora lá em casa...
Enfiou os bombons no bolso e saiu caminhando atrás dela assim como quem não quer nada, espiando pros lados de rabo de olho, indo prá lá, quando morava pra cá.

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