Adoniran Barbosa.
Lá conhecíamos o dono do bar, os garçons todos, os músicos, os frequentadores habituais e, em uma ocasião, a mulher de Adoniran, que era uma convidada especial, nos brindou com sua companhia.
Éramos presença constante e servíamos para tudo: para animar a visita ilustre, para ceder a mesa melhor posicionada para um grupo de clientes novatos, para experimentar uma receita nova.
Muitas vezes, saindo do ensaio do teatro, chegávamos tão cedo que ajudávamos a dobrar os guardanapos. Isso nos rendia uma porção de qualquer coisa mais no final da noite, já que nossos pedidos costumavam ser: uma cerveja e uma porção... de copos!
O grupo não era grande, mas tinha um núcleo fixo e muitas vezes alguns convidados.
Música ao vivo, letras cantadas com uma emoção nem sempre vista nos cantores originais.
Por ali passaram vozes que depois se revelaram e hoje andam fazendo sucesso por aí.
No final da madrugada subíamos a Brigadeiro Luis Antonio em busca da Avenida Paulista e de um jeito sossegado de chegar em casa, a minha, uma das primeiras, na Vila Mariana.
Sem medo. Nem dos bandidos e nem da polícia. Sem pressa. De chinelos havaiana ou de alpargatas, roupas sem etiquetas, bolsas leves sem a pressão das marcas. Com a sensação de que se podia tudo.
Um sábado, hora de bar já lotado, o grupo se dispersou mas Marisa e eu arriscamos uma passadinha. A chuva nos pegou sem dó nem piedade, em poucos metros nos deixou encharcadas e, quando assomamos à porta, displicentes, uma voz doce cantava:
- da deselegância discreta de tuas meninas... ainda não havia para mim Rita Lee...
E para mim ainda não havia briefing, reuniões, posicionamento de marca, budget...
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