quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Meu pé de jaboticaba

As frutas da minha infância nasciam em árvores e tinham tempo certo.
Época de manga, época de goiaba, época de jaboticaba, época de pitanga.
Quando não era época, não tinha, apenas isso, não tinha.
Hoje as frutas nascem no supermercado. Algumas já lavadas e embaladas, algumas até cortadas.
E tem o ano inteiro. Se não estão lá, organizadas em pirâmides e lustradas, estão nos freezers, mas há todo tipo de fruta o ano todo, nem que seja a polpa.
Uma alminha congelada em um saquinho feito por um designer e analisado por um advogado qualquer para certificar de que estão lá todas as informações nutricionais.
Algumas vezes elas me olham envergonhadas, organizadas em uma cesta, imitação barata de uma colheita no sítio.
Tinha tanta jaboticaba no pé que era comum convidar os vizinhos para uma colheita barulhenta e deliciosa. As mulheres se reuniam para preparar geléia, licor e nossas camisetas se manchavam para sempre.
Tenho jaboticabas no pé.
Tenho um pé de jaboticaba no vaso.
Tenho um vaso no quintal.
Tenho um quintal, que alguém achou por bem que cobrir com lajotas além de lindo ficaria fácil de limpar.
Tenho jaboticabas no pé e agora uma gata que gosta de dormir à sua sombra.
Esse ano eu vou colher antes dos passarinhos!

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