Brincava em um canto do jardim. Cavando a terra com um graveto. Beliscando a folha de uma samambaia. Trilhando o caminho das formigas, inserindo obstáculos, observando.
Rolava uma pedrinha aqui outra ali, achou uma semente.
Não sabia bem de quê. Lisinha, bonitinha, dessas que mais um pouco daria vontade de comer.
Espantou uma abelha, tirou o chinelo havaianas e deixou de lado.
Ajoelhada na terra cavou um buraco pequeno, deu um beijo na semente e a plantou.
Fez um murinho de terra em volta, espetou o graveto para não perder o lugar e foi atrás de um pouco de água.
Não demorou muitos dias para enxergar uma coisa despontando dali, daquele canteirinho perdido no meio do jardim.
Ficou animada.
Dia após dia era uma alegria ver aquele talo verde crescer rápido demais, parecia frágil, mas era decidido, parecia saber até onde ia.
Não contou nada para ninguém, era seu segredo.
Um dia um botão. Não aguentou, chamou a mãe para ver.
- olha minha flor, que linda, que grande, e ela me procura, o botão vira para cá e para lá...
- é, é linda, ela procura você e o sol, é um girassol!!
Nos dias seguintes estava aberto. Grande, luminoso, sustentava-se em talo de aparência tão frágil e a mãe lhe ensinou:
- a base sempre sabe que tipo de flor vai sustentar, parece frágil e até é, mas a flor não vai durar muito e tudo está calculado
Ficou encantada com o ensinamento, pé na terra, orgulho, até que a mãe completou:
- por isso, agora vem almoçar e precisa comer tudo, muita verdura, fruta, porque esse corpinho precisa sustentar uma cabeça que vai durar muito e ser muito esperta não é?
- hum...
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