Cavalos vêm e vão com seus olhos impressionantes.
Cavalos carregam a alma toda em seus olhos.
Por isso grandes, por isso profundos, por isso nos atravessam com seus olhares e por isso não falam. Não precisam.
Sócrates, um pangaré que quando percebia que eu o encaminhava para a cocheira apoiava a cabeça em meu ombro. Agradecido. Velho, cansado.
Não servia mais para as aulas de equitação para as crianças porque, apesar de muito doce, fazia sozinho todos os movimentos.
Ele mesmo sabia. E como avaliar o avanço nas aulas se o próprio professor fazia a lição?
Cavalos que vêm e vão.
Bodon, um brasileiro de hipismo alto, elegante, que perdia toda a classe quando a cama nova estava pronta, porque se atirava nela com estardalhaço assustando quem não conhecia suas manias.
- ele está passando mal? nunca vi cavalo deitar
- não, está apenas aproveitando a cama nova...
E malandro, olhando de lado, não perdia a chance de comer o boné das crianças que, em fila, visitam a hípica.
Cavalo de calça.
Cavalo marinho.
Cavalo de tróia.
Cavalo de caminhão. Sem sua carga, sem sua alma.
Cavalos que vêm e vão.
Galope infinito de pernas fortes e crinas ao vento.
Cavalos que dançam para o rei. Na Real Escuela Andaluza del Arte Ecuestre em Jerez de la Frontera, na Espanha, um castelo para acomodar o rei, um castelo tímido perto da arena dos maestros. Elegantes. Impressionantes.
Cavalos que vêm e que não vão!
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