Ela está convencida de sua feiúra, não eu, mas ela não ouve ninguém.
Embaça tudo, afasta quem tenta se aproximar, mas ela não existe sem ele. E quando ele morre, ela vai mudando de cor, até desaparecer.
Quase a mesma situação em que vive o espinho no talo da rosa. Mas eles não se conhecem. Até pode ser que um grande incêndio tenha destruído uma roseira. E ambos em sua dor podem ter trocado um olhar cúmplice, mas quem poderia ter registrado isso?
As relações são cheias de armadilhas. A lua, quase transparente, tem a audácia de aparecer de dia enquanto o sol brilha. Passa pelo céu com aquele ar de mulher que sai do banho enrolada na toalha querendo ser vista pela janela, ou flagrada pela visita que a espera na sala.
Uma cara de surpresa que não surpreende ninguém.
A lua parece um gato dormindo em lugar proibido. O sol, elegante, finge que não vê.
Ele não tem esse descaramento. O sol da meia noite não vale, é um fenômeno que ocorre nas latitudes acima de 66º 33’ 39" N ou S, onde ele não se põe durante pelo menos 95 horas seguidas. Em latitudes superiores a 80 graus, não se põe por mais de setenta dias, não há noites durante mais de dois meses.
Talvez seja um jeito dele se vingar sem castigar tanta gente que não merece o desplante da lua.
Relações, fáceis de serem observadas, difíceis de serem vividas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.