- mãe, preciso fazer um texto sobre ilusão de ótica!
- fazer um texto? hum, na minha época se chamava composição
- está certo mãe, quando você escreve compõe alguma coisa, só mudou o nome, mas o produto final é o mesmo
- é, é isso mesmo, você tem razão
- eu sei, hoje em dia sou eu quem ensino coisas a você não é?
- mais ou menos, eu tenho muito, mas muito o que te ensinar
- é verdade, mas a maioria dessas coisas precisa de um pequeno ajuste...
- como assim?
- olha, se você grita: põe esse telefone no gancho menina! eu desligo o telefone porque saco que esse gancho aí existiu em algum aparelho da sua época
- engraçadinha
- bom, mãe, agora tenho que fazer meu texto sobre ilusão de ótica, porque não me conta alguma coisa sobre isso pra eu me inspirar?
- a ilusão de ótica de que mais me lembro é a do sol batendo no asfalto da estrada quando eu viajava com meu pai... eu viu uma poça d água que nunca chegava porque na realidade não existia, era uma ilusão de ótica, provocada pela luz do sol
- que legal, acho que vou usar esse mote
- primeiro eu pensava em como era possível ter um lençol de água sob aquele sol escaldante, não era possível, secaria, mas mesmo assim, ficava ansiosa para ouvir uma espécie de chuá dos pneus sobre a água, um chuá que nunca aconteceu
- valeu mãe, mas agora que já sei por onde começar preciso me concentrar, depois eu leio para você
- tá bom, vou ver se encontro algumas composições em cadernos antigos pra te mostrar
- mas não antes do meu texto ficar pronto, tenho certeza de que as suas composições eram melhores dos que os meus textos modernos
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