quarta-feira, 14 de julho de 2010

Era digital

E quando eu era criança eu ia ao cinema.
Na minha cidade tinha apenas um e meu irmão me levava na matinê, de domingo.
Não tinha muitos lançamentos e eu adorava ver Tarzan.
Nas cenas mais impactantes as pessoas batiam os pés.
Nas cenas de resgate as pessoas batiam palmas.
Eu não comia pipoca.
Eu, uma expert em pipocas, acostumada a minha grande bacia de pipoca quente e macia render-me àquele saquinho minúsculo de pipoca dura e fria?
Não, uma heresia.
Meu irmão me comprava Banda de abacaxi.
Eram umas balinhas quadradinhas, mastigáveis, embaladas uma a uma em um papel manteiga ou similar e depois agrupadas em uma embalagem amarela. Amarela porque de abacaxi, meu sabor preferido.
Agora levo minhas cinéfilas ao cinema e as variáveis são muitas.
Em que cidade, em que shopping, 3D ou não, filme A ou B.
No último final de semana como era um feriado, escolhemos a cidade, o shopping, o filme e para melhor conforto compramos as entradas pela internet, um dia antes, escolhendo os melhores lugares e no domingo lá fomos nós.
Shopping vazio, cinema fechado, algumas familias se aglomerando e eu feliz com meu papelzinho dobrado na bolsa garantindo que poderia ser a última a entrar, mas minha poltrona estaria lá, esperando por mim.
Hora do filme, nada, agitação e a funcionária anuncia:
- Pessoal, não teremos as primeiras sessões, só para quem comprou por internet, porque caiu o sistema e não dá pra vender nada, nem ingresso, nem pipoca, nada...
Decepção de alguns, cine quase privado para outros...
Minha pequena reclamando da pipoca e eu retrucando:
- é, você que é da era digital tem que conviver com isso, caiu o sistema, não tem plano B...
O plano B do papai cuidadoso foi o Amor aos Pedaços bem em frente ao cinema, o meu foi uma saudade doída da Banda de abacaxi melando minhas mãos magrelas...

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