terça-feira, 13 de julho de 2010

Se não vai dizer

O que tinha para dizer pesava na alma mais do que qualquer um poderia imaginar.
E por que carregar esse peso quando podia simplesmente dividí-lo com os outros?
Não tinham culpa do ocorrido. Não podiam sofrer por algo que não controlavam.
Os anos foram passando.
Os olhos foram amarelando.
A pele foi perdendo a cor.
Os cabelos ficaram sem brilho.
O que tinha para dizer não mudaria o passado e já não mudaria o futuro.
O futuro é cada minuto.
O futuro escapa pelas mãos enquanto se acende um cigarro, se amassa um recado, se gira uma caneta no ar.
Puf!
Esse é o som do futuro.
O que tinha para dizer ficaria para sempre pesando em seus ombros, curvados.
O que tinha para dizer já não fazia sentido.
Se não transforma o pensamento em ação despeja em algum lugar, um rio, um gramado no parque, conte para um passarinho, uma borboleta, um tatu bola e esqueça.
Se não vai dizer, não acumula que mágoa mata.

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