sexta-feira, 23 de julho de 2010

Peso e Medida

Eu tenho um medo exato.
E a exatidão é vasta, sem contornos.
Eu tenho um tempo escasso.
E a aflição fica a mercê do que é escasso.
Eu tenho dedos compridos
Que ultrapassam a palma da mão.
Eu tenho um olhar que não vê
Quando penso que posso não estar.
Eu tenho um risco na testa
Que precede qualquer emoção.
Eu tenho um peso e uma medida.
Eu tenho vias para escapulir.
Eu tenho um medo exato.
E o medo é resto de algo que não foi.
Eu tenho pés magrelos
Um vão entre dedos e calcanhar que
Quase não deixam rastro.
Eu tenho um arrepio na espinha
Que não diz exatamente o que é.
Eu espero notícias boas
Mas eu tenho um medo exato
Extrato do que já vivi.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.