Eu tenho um medo exato.
E a exatidão é vasta, sem contornos.
Eu tenho um tempo escasso.
E a aflição fica a mercê do que é escasso.
Eu tenho dedos compridos
Que ultrapassam a palma da mão.
Eu tenho um olhar que não vê
Quando penso que posso não estar.
Eu tenho um risco na testa
Que precede qualquer emoção.
Eu tenho um peso e uma medida.
Eu tenho vias para escapulir.
Eu tenho um medo exato.
E o medo é resto de algo que não foi.
Eu tenho pés magrelos
Um vão entre dedos e calcanhar que
Quase não deixam rastro.
Eu tenho um arrepio na espinha
Que não diz exatamente o que é.
Eu espero notícias boas
Mas eu tenho um medo exato
Extrato do que já vivi.
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