Nessas horas escolho ser um ser, vivendo momentos que me encantam, apenas a coisa acontecendo, aquele instante que sempre me parece mágico.
O motorista do safety car... Fico olhando o carro, a aceleração, a imposição, o movimento, o poder de inserir-se entre os velozes e deixar todos no mesmo ritmo, para de repente sair de cena e liberar o espetáculo.
Estou so safety car e nada me aborrece!
Também posso ser um backing vocal...
No fundo do palco, com mais duas mulheres, em roupas que escondem, em coreografia antiga e silenciosa, quase uma desculpa: não posso cantar sem movimento...
E, de repente, quando a voz magistral do astro descansa ou alcança uma nota, as vozes combinadas de contraltos e sopranos tiram a música de seu dono e ganha corpo, uma combinação de vozes que ocupa seu espaço por alguns segundos e depois se recolhe para que o astro continue a brilhar.
Nada de autógrafos, nada de água em jarras de cristal, nada de toalhas no chão, apenas uma voz sem a qual tudo poderia ser muito sem graça.
Ou então, poderia ser un jinete español preparando os cavalos para as apresentações na Real Escuela Andaluza de Arte Ecuestre em Jerez de la Frontera. Não um dos jinetes da apresentação, um daqueles que preparam os cavalos, que limpam os cascos, que trançam as crinas, que conversa com eles e que passa delicadamente a mão sob o ventre na hora de ajeitar a sela. Sim, vai que um desses puro sangue resolve fazer como Sócrates, meu pangaré, que quando não queria levar a passaear ninguém, estufava a barriga de maneira que a sela parecia bem e pouco depois ficava frouxa podendo levar ao chão o atrevido que lhe interrompia o descanso.
Um jinete ocupado, esquecido num canto tomando uma coca-cola gelada enquanto rei e turistas se encantam com espetáculo tão majestoso.
Sim, posso existir na insignificância de um mundo encantado, enquanto espero a realidade passar, minha fantasia é de outra cor!
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