E pode ser que o dia acabe azul, se for uma tarde de verão.
E o que podem ver aqueles que me perseguem, sem mesmo saber que isso acontece?
Não posso deixar de pensar no dia em que uma pergunta simples desmoronou toda a história:
- Oi, o que temos para o jantar?
- Nada
- Você não está bem? Preparo alguma coisa, saímos ou pedimos alguma coisa? O que prefere?
- Nada
- Mas o que há?
- Só estava esperando você chegar para dizer que vou embora
- Por que?
- Por nada, nunca deveria ter vindo
- Mas você não veio... Nos conhecemos, namoramos, noivamos, casamos, isso não é vir, é construir. Por que não descansa e amanhã falamos, você está nervosa, confusa
- Não, não estou nervosa, tampouco estou confusa. Você tem mania de dizer como estou me sentindo e nunca percebe nada
- Mas nunca me falou nada a respeito de como está se sentindo, a vejo sempre bem, alegre, nunca poderia imaginar que estivesse infeliz a esse ponto
- Por que nunca repara em mim
- Não é verdade, não seja injusta... Você se apaixonou por alguém?
- Não, apenas me desapaixonei de você
- Mas isso é natural, a paixão é o ápice, depois vira um amor tranqüilo
- Virou uma chatice, eu vou embora, já arrumei todas as minhas coisas, o que vou levar agora já está no carro
- Eu não entendo
- Eu não esperava que entendesse, apenas não faça nenhuma cena
- Eu...
Não era verão, mas a tarde estava azul. Às vezes a natureza faz algumas concessões. Não posso olhar para os lados, me olham como se eu estivesse sempre do lado errado.
Não faço mais perguntas. Apenas coleciono respostas lacônicas.
- Açúcar ou adoçante moço?
- Açúcar.
Ainda que nada mude o amargor da vida, eu me concedo cafés como os que eu tomava antigamente.
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