quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Desconforto

Com que cara vai me olhar se eu não tiver cara pra encarar.
Com que respiração vou ler o texto se não sei pontuar.
E como vou acenar aquele adeus que não espero se o braço não ultrapassa a linha da cintura.
Tudo já está escrito, não há porque se preocupar.
Se é assim porque me sento e não cai o pão?
Porque me levanto e não aparece na minha garagem aquele carrão?
É e não é!
Nem todo mano tem razão certo mano? Certo.
Agora tem mano até na seleção.
Não deu certo o rascunho que eu fiz.
Joguei no lixo sem rasgar.
Caiu na mão de um aprendiz.
Vi o meu rascunho em arte final se esboçar.
Tentei ignorar.
Sei por onde é que a boa coisa se mina.
Conheço essa mina e sei que ela não dá ponto sem nó.
Eu costuro. Tenho linhas compridas e coloridas, grossas, eletrizadas, linhas para qualquer pipa.
Nem toda pipa levanta vôo.
Nem todo papo é bom.
Nem todo texto tem lógica
Nem todo gato é mimado.
Nem todo cão é fiel.
Conheci um cara que conheceu um cara que conheceu outro cara que tinha um primo que tinha um cão que não tava nem aí pra ele.
Nem todo cão magro é desnutrido.
Nem todo ganso tem medo de pato.
Nem todo túnel tem luz do outro lado.

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