sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Se for preciso

Não tinha pensado em nada, mas teria palavras caso precisasse delas.
O tempo passa e o conceito de tempo passa muda conforme o que se espera viver e o que já se viveu.
Quando estava esperando, o relógio parecia parado.
Quando precisava chegar e o trânsito não andava, o relógio parecia enlouquecido a marcar segundos e mais segundos, minutos e mais minutos.
Tudo é questão de ótica.
Tudo é questão de ponto de vista.
Tudo é questão de percepção.
Já se pegara rindo pelo mesmo motivo que a fizera chorar em outros tempos.
Um livro novo na cabeceira.
Um suco de sabor exótico no almoço.
Um sorvete no café da manhã.
Um passeio a pé pelas ruas do bairro.
Um final de semana feliz.
Sem nada mais do que um filme velho na TV.
O silêncio das palavras que não precisaria usar.
O momento certo em que diria não.
A hora exata em que diria adeus.
Aflita com a chegada desse instante.
E se apenas esperasse sem planejar e ensaiar chegaria mais rápido esse momento?
Não tinha pensado em nada, mas teria palavras caso precisasse delas.
Sempre salva pelas palavras. Mais pelas que não disse do que pelas que disse, atrapalhada que ficava quando calculava mal o tom.
O tom, a quantidade, a combinação entre verbos, advérbios, adjetivos, pronomes e artigos.
O inusitado da vida nunca lhe surpreendera para fazê-la rir, só para fazê-la chorar, mas jamais desistira de procurar a chave que altera essa rotação.

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