Saiu do trabalho com o dia ainda claro.
Esse negócio de horário de verão é ruim de manhã, mas muito bom à tarde.
Sol gostoso.
Sexta-feira, ele merecia uma cerveja.
Parou no bar do seu Osvaldo e tomou uma, depois outra.
Entre uma e outra uma branquinha.
O bar estava cheio. Uma converseira danada. Ele estava quieto, observando.
A Ivoneide tinha chegado com o namorado novo dela.
O sangue subiu.
Tantas vezes lhe fizera agrado e nada.
No começo ele pensou que ela estava apenas se fazendo de difícil.
Até fez prestação pra comprar um relógio da moda pra ela.
Ela aceitou, ele a convidou pro forró.
Ela disse que não podia, que o namorado ia chegar de viagem. Representante de vendas.
Ele quis pedir o relógio de volta, mais valia dar pra mãe que logo ia fazer aniversário.
Encabulou, não pediu.
Agora estavam lá, de mãos dadas, entre amigos, conversa fiada, gargalhada.
Ele se encheu de coragem e foi lá.
Falou tudo o que tava entalado na garganta.
Quando falou do relógio, o namorado levantou e deu um soco só.
Ele foi parar no meio do bar, nariz sangrando, cabeça girando.
Foi quando os guardas entraram.
Tinham parado pra uma água, um café e olha só, que saco, uma ocorrência.
Todo mundo pra delegacia.
O namorado da Ivoneide, apesar de ser o agressor foi liberado antes.
Ele porque estava mais bêbado que sóbrio ainda ficou por lá um tempo.
Meia hora depois o delegado liberou.
- Vai pra casa, nem vou registrar a ocorrência por embriaguês e desordem, mas vou intimar o namorado da Ivoneide por agressão. E larga essa mulher pra lá, ela já aceitou presente de muita gente por aqui, mas gosta mesmo é de malandro.
Foi para casa caminhando, o ar fresco da noite melhorando as idéias.
Amanhã de manhã, sábado, vou lá no centro comprar um relógio pra mãe.
E no dia seguinte, contando todas as economias, não entrou na relojoaria, entrou no beco ao lado e perguntou:
- aí, sabe quem pode me arranjar um 38?
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