quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Não podia dormir sem rezar.
Mas sempre rezava com sono e por isso, tinha a impressão de que as preces valiam menos.
De manhã acordava disposta, mas aí não se lembrava de rezar, era tanta coisa pra ajeitar.
Conheceu a mulher loira, simpática, que lhe disse que rezava no trânsito, de manhã, enquanto ia para o trabalho.
Achou uma boa idéia, mas não era tão zen.
Logo na primeira tentativa alguns palavrões de trânsito se misturaram às preces e ponderou que era bem pior do que rezar com sono.
Comprou um santo e o instalou na mesinha de cabeceira.
Disseram-lhe que santo não funciona sem uma vela acesa, mas tinha medo.
Tanta gente morrendo em incêndios causados por vela.
O santo ficou lá, olhando para ela e para o relógio e colares que tirava a noite para dormir.
Foi então que ganhou o santinho com o cordão e achou que tudo se resolveria.
Não tirava mais do corpo a não ser por poucos minutos, durante o banho.
A amiga recomendou benzer. Ela não ia à missa. Então a outra ofereceu-se para fazer isso por ela.
Desconfiou.
Ficou de pensar.
Escondeu a medalha no sutiã e não se falou mais nisso.

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