As frutas do meu quintal.
Tantos quintais. Dentes de menos, sardas de mais.
Mexerica. Pequenas e azedas.
Difícil descascar, gostoso sentir o maxilar se arrepiar do azedo.
Caldo escorrendo entre dedos compridos.
E amora.
O pé alto, tão forte, com frutas tão pequenas e delicadas.
Esparramadas no chão. Tingindo a terra de um vermelho de sangue.
Na camiseta? Para sempre.
Depois, manga e pitanga.
Pitangas debruçando na varanda, como quem quer entrar na cozinha para o chá.
Na casa branca, casa de boneca, abóbora que não é fruta, mas que cercava as bananeiras.
Laranjas.
As frutas do meu quintal.
Tantos quintais, nunca iguais.
Depois os quintais foram ficando na memória.
Saí do quintal, mas o quintal nunca saiu de mim.
E agora tudo de novo se renovando.
Não tem terra, mas tem vaso grande.
Hoje tenho no meu quintal jabuticabas que dividimos com os passarinhos.
Pitangas, vermelhas, de um doce azedo indescritível.
Goiaba, manga, limão.
E correndo entre tudo isso duas meninas, uma gata e um cão.
Um mundo inteiro num pedacinho de chão!
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