Dia de muitos afazeres.
Um sol lindo.
Um cheiro de verão que se prepara para chegar.
Tudo ia bem.
Eu ia cantando no carro, na rua que desce com preguiça.
O ar condicionado gelando o espaço pequeno.
E ele estava lá.
Quando parei o carro no sinal vermelho não pude deixar de olhar para ele.
Ele deveria distribuir as balas e os chicletes nos retrovisores, mas estava sem forças.
Sentado no canteiro da árvore silenciosa e constrangida ele tomava um líquido verde de uma garrafa transparente.
Não estava bem.
Sentia uma dor que eu adivinhei e talvez apenas eu e mais ninguém.
Transpirava. Não era só o calor do meio dia.
Tinha dor.
Um moço. Um moço ainda. Braços fortes para vender coisas tão leves quanto balas e chicletes.
Melhor que bala de revólver, mas ele estava doente e eu não fiz nada além de acelerar o carro quando o farol abriu e pedir por ele.
Como saber se meu pedido foi atendido?
Certas coisas nunca se sabe.
Dores diferentes, algumas passam, outras apenas se retiram por um tempo.
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