Não têm raça e quando têm, elas se perdem na sujeira de pelos embolados.
Não têm nome, quem dirá sobrenome. Mas têm um olhar que chega a ser indescritível.
Coleciono imagens de cães que vejo em meus dias movimentados. E que me fazem parar de pensar apenas para olhar.
No canteiro central da Luis Carlos Berrini, quase esquina com a Roberto Marinho, há uma família de cães. Alguém ali da comunidade (porque ninguém desceria de seu carro para isso), preparou uns panos e uma cobertura de madeira porque a cadela tem filhote.
Ele já está crescido e enquanto os adultos confidenciam coisas entre um focinho e outro, ele se diverte em cima da cobertura. Tenho medo de não vê-lo mais por lá, porque traquina como é, pode tentar atravessar a rua achando-se muito poderoso.
Na rotatória da saída do meu condomínio cães faziam ginástica. Um esticando-se pelo chão, outro rolando e correndo como se estivesse em uma academia. De longe, labradores, de perto, raça indefinida.
Na Bandeirantes, pouco antes do km 24, um cão atravessa a passarela tal qual um executivo faria para chegar ao trabalho sem atraso. Passo firme, sem olhar para os lados. Eu, aproveitando que estou de carona, espio atentamente para encontrar o seu humano, mas ele não existe. O cão está só. Decidido, sabe para onde vai. Terá para onde voltar?
São almas em transição diria alguém. São cães que só querem ter a quem querer bem.
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