terça-feira, 12 de maio de 2009

Teste

Ele precisava interpretar ele mesmo mas não sabia como.
Acostumado que estava a representar o cara feliz. O cara que se dá bem na balada. O cara que sempre tem uma mulher bonita para quem ligar. O cara dos aparatos tecnológicos, o cara plugado. O cara moderno, o cara bem relacionado, o cara que sempre está na lista dos convidados. O cara do carro do ano, o cara que sabe andar de moto, de skate, de bicicleta, de jetski, de barco. O cara que sempre sai sorrindo nas fotos de galera.
É, mas agora é pra valer e ele não sabe como se comportar.
Sentado no silêncio da sala branca, um quadro torto na parede o encara sem piedade e faz um monte de perguntas que ele não sabe responder.
Disfarçando tenta buscar na memória uma dica de quem ele é fora do seu contexto de ter. Mas sem muito resultado.
No caminho ouviu no rádio do carro um anúncio da Livraria Cultura: ler para ser. Começar por aí? Procurou uma revista, mas não encontrou. Apertou botões no celular, mas não conectou.
Respirou fundo e resignado entregou-se à espera.

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