Choveu a noite toda.
Amanheceu chovendo.
As pessoas escrevem sobre a chuva. Algumas reclamam. Outras nem se dão ao trabalho.
O noticiário invade a nossa casa e quando a chuva cai as notícias nunca são muito boas.
Mas eu gosto da chuva.
Choveu no dia 27 de abril, uma segunda-feira, dia antes do meu nascimento. Deus lavou o mundo para me receber.
Choveu no dia em que desci correndo uma rua da vila mariana, de mão dada com o meu amigo que já se foi.
Sempre chove quando estou na estrada estreita que nos leva de Presidente Prudente a São José do Rio Preto.
Choveu quando eu soube que tinha sido aprovada no vestibular.
Choveu quando eu decidi que ia mesmo amar e me casar e ter filhos e uma vida regrada.
Mas agora parou de chover e enquanto penso em algo para escrever minha caçula grita:
- mãe, vem ver o seu quarto está amarelo por causa do sol
Lindo, discreto, ele não esperava ser descoberto quando convenceu a cortina azul a deixá-lo entrar.
Será que procurava por mim? Será que estava pronto a me revelar um segredo?
Será que vinha libertar a ansiedade que aprisiono para ultrapassar mais um final de semana sem notícias?
Olho as abas do meu navegador e tudo está conectado.
O sol já escapou, encabulado que ficou.
A minha pequena já escolheu um dvd e se aninhou no sofá.
Eu queria um jeito mais tranquilo de terminar, mas prometi que já ia descer e não vou decepcionar. Não, eu não!
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.