Ele dizia que eles não eram da comunidade, que estavam morando ali porque ela perdera o emprego há meses e, sem recolocação, o dinheiro dele não dava para o aluguel em lugar melhor.
Ela fazia cara feia.
Dia seguinte saia cedo, arrumada, cv na mão em busca de um emprego que já nem sabia se queria que aparecesse.
Ali na comunidade as pessoas gostavam dela.
Passavam a tarde na casa dela contando coisas. Tomavam café.
Os homens olhavam pra ela com olhos gulosos.
A casa era tão humilde que ela jamais convidara amigos de antes ou alguém da familia para um almoço, como costumava fazer.
Mas estava tão feliz!
Era um brinco a casa. Ela cuidava e preparava o jantar como se estivesse brincando de casinha.
E, dengosa, depois do jantar, um chamego para voltar ao assunto da escola de samba da comunidade.
Ele já não respondia mais, nervoso que ficava. Quero é ir embora daqui, esquecer que isso existe!
Ter meu apto de volta, meu carro de volta, poder tomar a minha cerveja sem fazer contas!
Pensava em tudo isso enquanto esperava nervoso pela resposta dos médicos.
É, ela não sairia mais na escola de samba da comunidade.
Era tão querida por eles, mas não tinha malícia. Não correu, não se escondeu quando tudo começou!
Ficou bem no caminho da bala perdida e agora, não andaria mais com as próprias pernas e, pelo que se sabia, ninguém planejava uma ala de cadeirantes para a escola da comunidade.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.