quinta-feira, 16 de julho de 2009

Memória

O bebê estava alimentado e limpo mas mesmo assim não parava de chorar.
Queria colo. Apenas um colo quente e aconchegante.
Ainda não sabia que se pode ter colo por toda a vida. Queria seu quinhão naquele momento.
Queria sentir o cheiro. Queria sentir o calor.
Há uma memória que mora em nós e que guarda esse calor, esse cheiro, esses momentos de conforto.
Quando uma nuvem negra circunda nosso dia a dia é um ótimo refúgio.
Olhe para quem está gritando e gesticulando mas veja muito além de seus gestos indignados.
Veja lá atrás um par de braços sempre atentos.
Escute o que gritam sem razão mas não ouça.
Apenas lembre-se do som baixinho, da voz suave de uma pessoa que parecia parte de nós.
Habite um colo em seus piores momentos, sem nem mesmo precisar chorar.
Não há ataque que fure o bloqueio de uma lembrança só sua.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.