Dobrou bem dobrado. Guardou no bolso da camisa.
Camisas modernas não tem mais esses bolsos, com esses botões, mas ele não tinha camisas modernas.
Terminou de tomar o seu café com leite ou leite com café e pensou mais uma vez que nunca entendeu porque chamam essa combinação de média. Ele tentava, mas nunca conseguia pedir uma média e um pão com manteiga. Média do quê? Metade leite metade café e na média se obtém um líquido nem marrom nem branco? Nem tão suave como o leite e nem tão forte como o café?
Mordeu o pão. Fresquinho, manteiga derretendo.
Limpou o canto do lábio com o dedo mesmo.
Se tivesse mais dinheiro pediria outro pão. A fome era tanta! Almoço e jantar não, mas o café da manhã... Tinha sempre muita fome, queria sempre algo quente, acolhedor.
Cheiro de infância. Na infância tinha leite com café a vontade e bolo de milho ou bolo de fubá ou bolo de cenoura ou bolo de mandioca e pão, sempre pão!
Agora, o que tinha era um telefone anotado em um guardanapo de papel esquisito, nada absorvente. Barulhento e ineficiente. Montes deles esperavam o próximo freguês deitado em porta-guardanapos que mais pareciam mini esquifes.
Na segunda-feira telefonaria, são dias mais produtivos e tem a semana inteira pela frente para novas tentativas, para prolongar a esperança de um: sim, nós temos uma vaga, pode vir para uma entrevista?
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.