sexta-feira, 31 de julho de 2009

Uma média & Pão com Manteiga na Chapa

Anotou o número do telefone em um guardanapo de qualidade inferior.
Dobrou bem dobrado. Guardou no bolso da camisa.
Camisas modernas não tem mais esses bolsos, com esses botões, mas ele não tinha camisas modernas.
Terminou de tomar o seu café com leite ou leite com café e pensou mais uma vez que nunca entendeu porque chamam essa combinação de média. Ele tentava, mas nunca conseguia pedir uma média e um pão com manteiga. Média do quê? Metade leite metade café e na média se obtém um líquido nem marrom nem branco? Nem tão suave como o leite e nem tão forte como o café?
Mordeu o pão. Fresquinho, manteiga derretendo.
Limpou o canto do lábio com o dedo mesmo.
Se tivesse mais dinheiro pediria outro pão. A fome era tanta! Almoço e jantar não, mas o café da manhã... Tinha sempre muita fome, queria sempre algo quente, acolhedor.
Cheiro de infância. Na infância tinha leite com café a vontade e bolo de milho ou bolo de fubá ou bolo de cenoura ou bolo de mandioca e pão, sempre pão!
Agora, o que tinha era um telefone anotado em um guardanapo de papel esquisito, nada absorvente. Barulhento e ineficiente. Montes deles esperavam o próximo freguês deitado em porta-guardanapos que mais pareciam mini esquifes.
Na segunda-feira telefonaria, são dias mais produtivos e tem a semana inteira pela frente para novas tentativas, para prolongar a esperança de um: sim, nós temos uma vaga, pode vir para uma entrevista?

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