segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Parada de ônibus

Não conseguia explicar o prazer que a leitura lhe dava.
E não conseguia explicar a ira que o invadia quando algo qualquer dava errado.
Tão simples. Tão complicado. Tão inútil tentar explicar. Mas tão difícil conviver com a dualidade.
Guardava na memória trechos de livros.
Alguns filmes também, mas o cinema apesar de apaixonante sempre exercera uma força mais tênue.
Histórias de filmes pareciam névoa, enquanto histórias de livros sempre vieram carregadas de cor, não importando se de amor, de dor, engraçadas, infantis, realismo fantástico.
Sim, realismo fantástico parecia a sua existência.
Seus vários humores escapando nos momentos mais impróprios.
Como fixar uma imagem?
Viu um espetáculo de dança em que tentáculos gerenciavam todo o movimento.
Polvo, aranha, centopeia, bichos de muitas pernas e poucas palavras.
Despertou aflito, o ônibus já estava parado em seu ponto, pessoas desciam e ele estava muito enroscado em pernas e pés e braços e bolsas:
- com licença, eu também vou descer!

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