sexta-feira, 21 de agosto de 2009

A rotina engole a poesia, mas precisa?

Estava deitado no céu mas não via nenhum avião
O estômago apertava as costas querendo escapar
Tudo o que via dos dedos eram unhas enegrecidas
Nada cabia dentro dele, nenhum sentimento
Nenhum sentido para uma vida de escuridão
E mesmo assim estava deitado no céu
O ronco dos motores pareciam bem mais perto que antes
Era só sinal de manhã chegando
A noite sempre risonha, a última a sair da festa
Maquiagem borrada, um pé de sapato de salto na mão
O outro brincando de desequilibrar ainda no pé
Estava deitado no céu mas já não sentia as nuvens
Céu de chuva, cheiro de chuva
Recomeçar
Bater cartão, terminar o relatório, atender um cliente
Ler um contrato, entrar no sistema e refazer o pedido
Cerveja com a galera do futebol
Estava deitado no céu, mas nenhuma poesia sustenta
o dia a dia de quem está onde está porque simplesmente
não pode estar onde gostaria de estar
simples

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