segunda-feira, 10 de agosto de 2009

A irrelevância das desilusões

A primeira coisa que pensou foi em se matar!
Uma overdose de remédios, um trem, entrar no mar e andar até ser engolida, dirigir em alta velocidade e ler pela última vez dirigido por mim, guiado por deus e depois, achou que era demais!
Abandonou a ideia e pensou em mudar-se de cidade.
Casa nova, emprego novo, cortaria o cabelo, levaria o mínimo de roupa e compraria tudo novo, pintaria as unhas de vermelho, que sempre apenas com base, rosinha, branquinho, monótonas unhas.
Não tinha capital para empreender tal jornada.
Mudar de emprego. Trabalhar quietinha entregando tudo e ao mesmo tempo distribuindo CVs, consultando amigos, lendo os classificados nos jornais.
E mudar de apartamento. Procurar um menor, mais ensolarado, prédio baixo mesmo que sem elevador.
E mudar de religião.
Nascera e fora batizada. Depois foi preciso fazer a Primeira Comunhão, foi crismada e, cismada como era, resolveu ponderar melhor essa ideia.
Padres e pastores, homens e mulheres, rituais diferentes, crenças diferentes, infinitas possibilidades.
E, sem custo algum!
De tudo o que pensara era a única coisa que poderia fazer já, imediatamente, sem por a mão no bolso.
Não ia discutir agora pagamentos de dízimo, jogadores milionários doando fortunas, não, nesse primeiro momento não lhe custaria nada.
Faria assim, tomaria um ônibus e ouviria as músicas do seu mp3, setado para misturar todas elas e quando ouvisse a música X, que ainda pensaria qual seria, desceria do ônibus e caminharia pelas redondezas. O primeiro templo religioso que encontrasse seria a sua escolha. Não importasse fosse uma igreja católica, evangélica, um terreiro de umbanda, um centro espírita, nada, nada ficaria de fora.
É, esse seria o seu programa no final de semana. Decidiria sua próxima religião, sem remorsos por abandonar suas tradições, pronta para qualquer experiência nova!
- senhorita, o seu lanche!
Será que cartomantes também são uma espécie de pastoras, leitura de cartas é uma espécie de religião?
- senhorita, ô moça! o seu lanche tá pronto!
O barulho ensurdecedor da lanchonete. Será que na internet tem endereço de cartomantes?

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