sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Marafona: a história dela e a minha

A marafona é uma boneca sem olhos, boca, nariz ou ouvidos. Sua armação é uma cruz de madeira revestida com tecido colorido.
A palavra marafona tem origem árabe e quer dizer mulher enganadora. Mas, no caso das bonecas de Monsanto, são utilizadas para celebrar a fertilidade e a felicidade conjugal. As marafonas fazem parte da tradição de Monsanto na Festa das Cruzes, celebrada no dia 3 de Maio se for domingo, caso contrário, no domingo seguinte.
Durante a festa, mulheres casadoiras bailam com as marafonas. Depois da festa as bonecas são deixadas em cima da cama onde têm o poder de livrar a casa das tempestades de trovoada e de mau olhado. No dia do casamento guardam-se debaixo da cama (como não têm olhos, orelhas, boca, nada vêem, nada ouvem nem nada podem contar) para trazer fertilidade e felicidade ao casal. As marafonas estão associadas ao culto da fertilidade.
Pois bem, a história da marafona é essa e a minha conta que
em agosto de 1998 meu pai nos deixou, em menos de 15 dias adoeceu e se foi e nem tive tempo de entender o que aconteceu.
Tinha programado uma viagem de férias para Portugal em setembro e, apesar de muito triste, resolvi não cancelar. Muitos recomendaram como ajuda para acalmar o coração.
Voamos para Madrid e de lá fomos de carro para Portugal.
Nossa primeira parada foi em Monsanto. Já tinhamos reservado uma pousada e chegamos a noitinha. A primeira pessoa que encontramos foi uma senhora vendendo Marafonas, para quem pedimos indicação do endereço da pousada.
Ela me pegou pelo braço, me indicou a pousada, mesmo tendo reserva me disse que se não desse certo eu poderia dormir na casa dela e, me ofereceu uma marafona.
Diante de tanta gentileza eu não podia recusar. Comprei sem saber o que era, para que servia e fui cuidar de admirar a pousada, tomar banho, jantar, descansar e, no dia seguinte, depois de ver em todas as lojinhas a tal da marafona, me informar do que se tratava.
Voltamos para casa vinte dias depois.
E, pouquíssimo tempo depois, fiquei grávida da minha primogênita.
Já estava casada há mais de 8 anos, nos últimos 3 querendo muito um bebe que não vinha.
No primeiro momento fiquei tão desconcertada com a idéia de que tive que deixar de ser filha para ser mãe... mas, depois, pensei que talvez meu pai tenha negociado esse meu encontro com a marafona para transformar a minha vida para melhor para todo o sempre!
As histórias se misturam e não temos muito controle sobre elas.

Um comentário:

  1. Olá, sou uma jovem estudante portuguesa da Escola Superior de Educação de Castelo Branco e estou a fazer um pesquisa sobre Marafonas.
    Fiquei encantada com a sua história e gostaria de saber se a posso expor no meu trabalho.
    Deixo o meu contacto e aguardo anciosa a sua resposta.
    joana_ananas@hotmail.com
    Obrigada

    ResponderExcluir

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.