terça-feira, 7 de julho de 2009

Ana Maria aos 18, quem diria!

Quando criança nunca pensava que chegaria aos quarenta anos.
Mas quando chegou... rapaz, que mulher! Muito melhor do que quando tinha dezoito!
Não sabia andar, não sabia sentar, tinha espinha, ficava com a barriga grande naqueles dias.
Era desengonçada. Ria a toa, sempre falava a coisa errada na hora errada. Ficava vermelha.
De saia, pernas brancas, canela fina.
De calça, bunda achatada, cintura reta.
Sem graça, menina mais sem graça!
Cabelo de franjinha escorrido de um lado, fivelinha vermelha que mais parecia uma folha seca caída de um galho.
Sem brilho. Olhos nervosos, mãos suadas.
Ah, quando criança era engraçadinha, um risinho do lado a tirava de qualquer enrascada.
Primeira filha, primeira neta, depois prima mais velha. Mas aos dezoito anos... Não. Não merecia ter tido dezoito anos.
Mas agora, aos quarenta! Espelho com luzes no quarto.
Sapatos de todas as cores. Meias palavras sempre na hora certa. Sem espinha nenhuma. Pernas bronzeadas, torneadas, curvas nos lugares certos. Quem diria.
Cabelos volumosos. Ninguém exibe um coque banana mais bacana em dias de casamento.
Olhos brilhantes. Dedos longos com diamantes. Odiou o Manoel quando o reviu no jantar e ele fez a piada infame: que lindo anel, é d(e)i amante? Sempre nojento o Manoel.
E ela, cada dia melhor.
Fazia um teste infalível para checar se estava gorda: passava a pé por uma obra, se os homens soltassem um gostosa... sim, gorda! Se a ignorassem, em forma.
Quem diria. Ninguém diria, nem ela mesma, mas aí está, depois que fez dezenove começou a entender que era de dentro pra fora e nunca mais parou de crescer!

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