Lá em 1989, eu fui de ônibus do Ipiranga até um ponto da Av. Paulista.
Era final de janeiro ou começo de fevereiro, já não lembro.
A noite estava agradável, o ônibus vazio, as luzes da cidade piscavam para mim, mas eu não estava interessada.
Sentei-me bem na frente, para olhar a paisagem desobrigada de prestar atenção e poder descer sem atropelos.
Na metade do trajeto um cara sentou-se ao meu lado.
Com tanto lugar para sentar-se veio ocupar-se de me tirar do sossego.
Pouco depois ele sacou o maço de cigarros e eu olhei de rabo de olho, e essa agora?
Vai fumar?
Pegou o papel de seda e começou a trabalhar no papel como quem faz crochet.
O rabo de olho já era um olho inteiro, e essa agora, vai preparar um cigarrinho?
Dois pontos mais e ele me entregou uma gaivota de origami, disse que me traria mil felicidades e desceu do ônibus.
Fiquei olhando para o papel dobrado. Tenho a gaivota até hoje.
Mais alguns pontos, alguns passos e eu chegava para o meu primeiro encontro com o meu amor.
Com quem ontem completei 19 anos de um casamento de verdade.
Eu ganhei mesmo mil felicidades, de um completo desconhecido, de quem desconfiei e quase mal disse.
Tudo, absolutamente tudo, pode estar agora mesmo ao seu lado.
So, so lovely!
ResponderExcluirA estória e a declaração de amor...