quinta-feira, 24 de setembro de 2009

João Correia

Eu fui a João Correia, na Bahia, de ônibus.
Ainda não tinha 20 anos e tinha muita, muita curiosidade.
Uma amiga comentou que parentes do pai viviam nessa cidade e que logo após o Natal ela iria até lá visitá-los. De ônibus.
E eu, uau, que legal! Onde será que minha cabeça ficava posicionada naquele momento? Eu devia ter um design bem diferenciado, mas enfim, voltemos aos fatos e deixemos o juizo de valor em paz.
Diante de tal interesse ela me convidou para ir e eu topei.

O mais feliz de toda essa história foi o pai dela. Um senhor bem humilde que ficou encantado ao saber que a filha teria companhia para tão longa viagem. Afinal, ela iria para visitar parentes dele, viagem que ele gostaria de fazer mas que por problemas de saúde era impossível ficar tanto tempo sentado em um ônibus e que, por problemas de dinheiro, não poderia fazer o trajeto de avião.
Logo depois de passar o Natal em Presidente Prudente com meus pais, comendo, ouvindo as mesmas histórias de sempre, aninhada no carinho eterno da familia, arrumei minha mochila, escolhi um jeans velho, uma camiseta idem, um all star confortável e rumamos para Vitória da Conquista.
É realmente uma conquista chegar naquele lugar.
E, uma aventura chegar a João Correia.
Na rodoviária de Vitória da Conquista chegavam vários ônibus vindos do Sul, como eles diziam, e todos que ali desembarcavam e precisavam chegar em outros lugares e lugarejos, se acomodavam em um único outro velho veículo.
Dá para imaginar a superlotação.
As pessoas mais descoladas com a baldeação, atentas, marcavam seus lugares enfiando as bagagens pela janela.
Ficamos meio perdidas mas até que conseguimos sentar. Ser galega me garantiu um lugarzinho lá no fundo do ônibus.
Antes de lá chegar, consultei o motorista:
- moço esse ônibus passa em João Correia?
- como?
- João Correia
E ele, que podia perder a passageira mas não a piada...
- não tô perguntando o nome do seu namorado, tô perguntando o nome da cidade que você quer ir...
Curva pra cá curva pra lá chegamos. Um lugar difícil de descrever, entre bucólico e desolador, seco, desbotado de tanto calor, mas é um quadro interessante para compor em outro momento de memórias da juventude.

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