Sentou-se para descansar, mas a mente não se senta, não se deita.
Enquanto maquinava como se desligaria de tudo, esticava as pernas, bebericava uma cerveja.
Não estava gelada como gostava, mas estava tão cansado para reclamar.
Beliscou o queijo mal cortado, espetou uma azeitona enquanto outra, mais esperta, escapuliu para debaixo da mesa.
Tudo se resumia a isso então?
Acordar cedo, tomar um café na padaria, esperar o ônibus. Bater o cartão, esperar as ordens do inspetor, executar, ouvir uma bronca ou outra, elogio jamais.
Almoçar no barracão. Suco sabor amarelo, porque a fruta não se sabe.
Carne sempre a mesma, qualquer alcatra colchão duro. Batata sempre, que batata dá sensação de barriga cheia.
Café pelando, um pelando de requentado. Quem conhece sabe a diferença!
O trabalho depois do almoço é mais do que sacrifício. Um esforço sobrehumano.
E depois, pegar o trem, o ônibus, chegar em casa e ser tranquilo, mesmo escutando as lamúrias sobre as contas que ficaram sem pagar.
Hoje decidiu que não ia chegar. Que ia parar no boteco e por a cabeça pra descansar. Uma cerveja gelada não deixa ninguém mais pobre. E nem tão gelada assim.
Sentou-se para descansar, mas a mente não se senta, não se deita, ele achou que era hora de repensar a vida. Foi então que a coisa se deu!
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