terça-feira, 13 de abril de 2010

Tem mato que nasce no mato


Tem mato que nasce no mato. Na floresta fechada. E passa a vida inteira sendo mato do mato.
Ninguém pisa, ninguém arranca, ninguém retrata, ninguém escreve poesia.
Mato do mato. Mato pra sempre.
Tem mato que nasce no jardim e é um mato indesejado.
Um mato bonito, mas logo pisoteado, xingando, arrancado. Um mato mal amado, um mato maldito, um mato natimorto.
Tem mato que nasce na beira da alto pista.
Enquanto a prefeitura não vem ele fica ali, um mato de cidade.
Um mato empoeirado, um mato acanhado, um mato sem nem mesmo saber que é mato.
Tem gente que nasce no mato.
Tem gente que nasce na cidade grande.
Tem gente que nasce no mato e vem para a cidade grande.
Escrever sobre o pobre mato perdido na beira da marginal.
... oh mana deixa eu ir, oh mana eu vou só, oh mana deixa eu ir pro sertão do caicó...
eu aqui só tenho medo... de um dia deixar de ver o mato assustado

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