sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Ah... os sotaques!


Recebo um email de uma amiga espanhola, que vive em Madrid, com a novidade: quando for outra vez ao Brasil, só falarei em português, porque ahora tengo clases con una chica brasileña que es de Bahia. ¿Que es Bahia?

Eu a recebo em inglês porque vem de New York e nunca a vi antes. Abre-me um largo sorriso e diz, sou chilena, mas falarei em português! Como faço muitos negócios por aqui, aprendi há tempos atrás com um professor gaúcho! Apaixonado por Gisele Bündchen e, portanto, todo o universo do meu aprendizado girou em torno de cabelos loiros, mulheres altas e magras e cai na risada apontando para si mesma!

Começamos a conversar e ela nos diz que, como professora de inglês pode falar em inglês e, como colombiana, pode falar espanhol, só não pode falar em português porque ainda não aprendeu. Pouco tempo depois nos conta que trabalha em sua casa uma moça que veio do Rio e que parece muito diferente dos brasileiros, porque é muito reservada, quase não ri e quase não fala. Depois considera que talvez pela posição que ocupa não consegue ser muito efusiva e completa: não fala, mas quando fala, fala de um jeito estranho...

Recebemos, felizes, felizes, a notícia de que no dia seguinte conheceríamos nosso diretor musical. Ensaiávamos um espetáculo no Teatro Taib, na Três Rios. No dia seguinte, fui a primeira a chegar e lá estava ele.
Negro, jovem, óculos quadrado, grande até para as suas feições, sorridente e apresentei-me.
Tive certeza de que ele era americano e ia parabenizá-lo pelo seu português quando ele me diz:
- Não pude deixar de notar, pelo seu sotaque, que também é do interior. De onde você é?
E pensei: também sou? Mas respondi minha longa trajetória... Nasci em Osvaldo Cruz, morei em Tupã, depois em Presidente Prudente... E você? Perguntei, morta de curiosidade.
- De Porto Feliz...
Minha nossa, logo eu, caipira da gema, fui enganada por um cara ainda mais caipira do que eu!?!
Só pude lhe contar isso algum tempo depois, quando já era piada e não constrangimento.
Ah, esses sotaques me encantam!

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