Grande parcela das pessoas, em algum momento, acredita que foi alguém em outra vida.
E entre essa parcela, a maioria tem certeza de que foi rei, rainha, faraó, conde, duquesa, coisas assim.
Ninguém acredita que foi um pescador, uma aia, um cocheiro.
Há muitos anos um amigo estudioso dessas ciências fez uma análise de meu passado, baseado não sei em quê e me disse que eu era um marceneiro, que trabalhava muito bem com as mãos e que, apesar de analfabeto, adorava contar histórias.
Que minha distração era sentar-me na frente de casa, depois do trabalho, reunir um grupo de pessoas para contar histórias.
Muito apreciadas e de grande audiência.
Eu fiquei feliz de não ter sido rei ou rainha e encantada com a ilusão de ter sido um grande contador de histórias.
O mesmo se passa com o futuro.
Quando perguntamos a uma criança o que ela quer ser quando crescer, nossa expectativa é que diga médico, engenheiro, dentista, advogado e todas as terminações femininas, médica, engenheira, etc.
Para os mais conservadores.
Outros esperam modelo, cantor, apresentador de TV e há ainda os que torcem as mãos esperando pelo escritor, poeta, pensador! Esperam também por jornalista, arquiteto e agora todas aquelas coisas mais modernas de designer, web-designer, programador, e por aí vai.
Chocados ficam aqueles que, como eu, adorava perguntar para minha irmã caçula:
- Laís, o que vai ser quando crescer?
E ela respondia:
- Manicure...
E o caminho para uma vida feliz seria pensar, tudo bem, se for uma boa manicure, tiver boas clientes e puder ter uma vida de paz, com família e amigos, terá valido a pena.
E o atalho atávico nos levaria a pensar: Credo! Só se for em Paris... Ganhando em euros até ser a dona do salão!
Mas por que? Se puder ser feliz contando histórias por que não?
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