terça-feira, 21 de setembro de 2010

Sem calma

Todo o corpo superfície, pela boca entrada da caverna.
Escondido num canto um coração sem alma.
Um fígado funcionando.
Um rim abusando e um estômago satisfeito com balas 7 belo.
Um mundo maior do que é.
Um momento menor do que deveria ser.
Um tempo de ser e apenas ser sem ter que ter mais do que é preciso.
É preciso um bicho no pé.
Um cachorro latindo no portão.
Uma criança com joelho esfolado na bicicleta.
Outra criança com um cartão de feliz dia dos pais.
Um céu que não cansa de ser azul.
Um mar que não chega ao interior.
Uma festa que não se quer ir.
Uma vela para acender.
Um santo para ajudar.
Uma poesia para proteger a dor que não quer caber.
Um pé de tênis, um pé de salto, um pé descalço.
Um pé que pedala só pro vento esfriar a face.
Vermelha de sol, vermelha de ansiedade,
Vermelha de ver florescer as pitangas no vaso.
Todo o corpo superfície, pela boca entrada da caverna.
Escondido num canto um coração sem alma.
Sem calma porque reaprendendo a falar.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.